Nesse case busco demonstrar como metodologias e ferramentas de Design e Produto Digital podem potencializar o trabalho de equipes e suas entregas e a forma como aplico essas metodologias, combinando táticas para criar um sistema de trabalho único.


Design Estratégico


Durante minha carreira trabalhei em diversos times cujos processos de criação, desenvolvimento e evolução de produtos digitais precisavam de aprimoramento. Processos bem definidos, construídos com as metodologias certas, podem ajudar toda uma empresa a atingir seus objetivos de forma fluida e certeira, simplificar a interação entre áreas diferentes e aumentar significativamente a qualidade daquilo que se entrega às pessoas usuárias de um produto.

Contexto

Design é uma área de conhecimento que engloba diversas outras, algo que muitas vezes nem levamos em consideração. Para mim, a coisa mais importante que o design nos ensina é pensamento sistêmico.

Pensamento sistêmico é uma forma de olhar para o mundo como um sistema, composto por vários sistemas menores e interligados. Ele permite entender as características de um todo, como seus elementos e a maneira como eles se relacionam, e desenvolver soluções para problemas complexos.

Muito além da interface

Processo de concepção de soluções

Para funcionar adequadamente, um processo precisa:

Ter frameworks e direcionais bem estruturados

Promover integração entre as áreas 
da empresa

Ser adaptável, escalável, simples e autossustentável

Metodologias

O termo Design Thinking foi usado pela primeira vez no livro The Science of the Artificial, de Herbert A. Simon, publicado em 1969. Trata-se de uma metodologia de trabalho que busca resolver problemas de forma criativa, multidisciplinar e centrada nas pessoas. Ela se baseia na empatia, colaboração e experimentação para criar soluções inovadoras e eficazes.

O processo acontece de forma não linear e é bastante flexível, permitindo adaptações a diferentes contextos e necessidades.

Design Thinking

O conceito de Design Thinking tem se tornado cada vez mais visado nas empresas. A prática, porém, nem sempre é tão simples quanto a teoria faz parecer. Não por sua aplicação ser complexa, mas porque este é um conceito amplo que demanda aprofundamento para que possamos entender como passar por cada uma de suas etapas de forma eficiente.

O Double Diamond (Duplo Diamante) é um processo de design criado pelo British Design Council em 2015, que mapeia os estágios divergentes (exploração de ideias e caminhos) e convergentes (foco e direcionamento) de um processo de design, e descreve modos de pensar em cada uma das etapas.

Esse framework permite a aplicação prática do Design Thinking, trazendo macro passos do trabalho que precisa ser realizado.

Duplo Diamante

Detalhando as etapas do duplo diamante

O primeiro diamante é dedicado ao levantamento e refinamento de informações que ajudarão nas tomadas de decisão sobre o como o produto deve ser e qual valor deve gerar.

No segundo diamante trabalhamos na proposta de solução, testamos e refinamos a proposta até que esteja pronta para ser disponibilizada ao público.

Etapa 1

Divergir

Nessa etapa buscamos informações para responder às seguintes perguntas:

Qual é o problema?

Por que é um problema?

Por que esse problema ocorre?

Quando/em que cenário o problema ocorre?

Quem são as pessoas atingidas pelo problema?

Quantas são as pessoas atingidas pelo problema?

Qual o perfil dessas pessoas?

Como o problema interfere na vida das pessoas?

Como as pessoas tentam lidar com ele?

Que barreiras encontram ao tentar lidar com o problema?

Já existem no mercado soluções para esse problema? O que podemos aprender com elas?

Existem soluções para problemas similares com as quais podemos aprender?

O Duplo Diamante é um queridinho entre designers. Mas, na hora de aplicar, é importante saber que cada uma das suas etapas demanda o cumprimento de algumas tarefas que ficam mais organizadas e simples de entender se traduzidas em micro etapas. Por isso, o que proponho são duas versões de aplicação como vem a seguir.

Definindo micro etapas

Concepção de produtos

Quando queremos propor uma solução para algo, porém ainda temos pouco conhecimento sobre os problemas ou sobre as pessoas usuárias a quem buscamos oferecer uma solução, precisamos dedicar mais tempo ao primeiro diamante e dar atenção especial ao refinamento antes de disponibilizar a solução para o público. Dessa forma conseguimos potencializar nossa chance de sucesso com a proposta de solução oferecida.

Objetivos e métodos de pesquisa

Pesquisa primária

Pesquisa secundária

Briefing inicial

Definição daquilo que se busca descobrir.

Definições técnicas sobre a execução da descoberta.

Investigação inicial para validar se a hipótese tem real potencial de resultado.

Aprofundamento e consolidação das descobertas.

Geração de valor

Entendimento daquilo que se espera entregar para as pessoas usuárias da solução.

Refinamento da proposta

Consolidação da proposta junto às descobertas.

Proposta de solução

Definição daquilo que a solução deve oferecer.

Tese final

Conclusão e argumentações finais sobre a proposta.

Discussão sobre a proposta com as pessoas envolvidas na construção da solução.

Desenho de wireframes, fluxos, user flow, jornadas, entre outros.

Geração de ideias

Pontapé do projeto entre designers e outras pessoas participantes na construção da solução.

Validação com stakeholders

Elaboração da proposta inicial

Desenho da solução

Construção das telas em média fidelidade. Caso a solução não dependa de telas, aqui se refina o material construído, seja um fluxo ou qualquer outro material.

Ajustes e prototipação

Aqui se aplicam ajustes à solução a partir do refinamento com stakeholders. Caso a solução envolva telas, deve ser construído o protótipo em alta fidelidade.

Ajustes e refinamento

Aplicação de ajustes e melhorias com base nos resultados dos testes de usabilidade.

Testes de usabilidade

Testagem da solução com pessoas usuárias.

Refinamento final, construção da documentação da solução e entrega final.

Documentação e handoff

Quer conhecer um exemplo prático da aplicação desse processo? Leia meu projeto Seguro para Elas, onde apresento o case da concepção de um produto em que utilizei a estrutura do Diamante dos Problemas descrita acima para criar uma proposta de seguro voltado para mulheres.



Testar e aprender

Quando já conhecemos os problemas e o público para quem queremos oferecer uma solução e nossa intenção é testar ou amadurecer uma funcionalidade, produto ou serviço que se proponha a solucionar os problemas desse público, o foco passa a ser o aprendizado prático, aquele que formamos ao observar os resultados da implementação de uma solução.

Briefing

Definição daquilo que se busca descobrir.

Consolidação

Síntese e apresentação da pesquisa.

Pesquisa

Investigação dos tópicos que queremos descobrir.

Geração de valor

Exercício de aprofundamento nas dores e necessidades dos perfis para quem se desenha a solução.

Refinamento da proposta

Conclusão e argumentações finais sobre a proposta.

Proposta de solução

Definição daquilo que a solução deve oferecer.

Geração de ideias

Pontapé do projeto entre designers e outras pessoas participantes na construção da solução.

Discussão sobre a proposta com as pessoas envolvidas na construção da solução.

Validação interna

Construção das telas em alta fidelidade.

Desenho da proposta

Aqui se aplicam ajustes à solução a partir do refinamento com stakeholders. Caso a solução envolva telas, deve ser construído o protótipo em alta fidelidade.

Ajustes e prototipação

Refinamento da proposta, aprovação com stakeholders, construção do plano de acompanhamento, documentação e entrega final.

Refinamento, validação e entrega

Testes de usabilidade

Testagem da solução com pessoas usuárias.

Os marcos do projeto são grandes entregas e momentos de decisão que simbolizam a finalização de uma etapa e início da seguinte. São ocasiões que demandam ações coletivas, como mudanças de rota, aprovações e reprovações.

Marcos do projeto

Marco 1

Ideia

O processo se inicia com uma ideia. Ao iniciar o processo, é importante garantir que todos os stakeholders envolvidos (demandantes, lideranças, colaboradores de times variados) estejam alinhados a essa ideia, abrindo também oportunidades para discussões importantes que direcionarão a pesquisa inicial.

Nesse momento a ideia pode, inclusive, ser descartada por informações que venham a surgir.

Cerimônia de início do projeto.

Esse fluxo ajuda a compreender em que momento um projeto está, que etapas do trabalho já foram cumpridas ou ainda precisam acontecer dependendo de seu status atual, e direciona para qual etapa de qual framework se deve seguir.

Árvore de tomada de decisão

Integrando pessoas ao processo

Entender tempos, movimentos, papéis e responsabilidades é essencial para que o trabalho funcione de maneira fluida, sem gargalos, inconsistências ou o famoso vai e vem de tomadas de decisão. Para isso é necessário que haja fluxos bem definidos. Cada empresa é um universo único que demanda fluxo próprio, mas você pode ver um exemplo de como construo esse material a seguir:

Esse fluxo traduz os caminhos que uma demanda realiza durante o processo e aponta responsáveis e entregáveis para cada etapa de trabalho. Aqui você encontra um exemplo parcial de um fluxo de trabalho que desenhei e apliquei em uma empresa em que designers e product owners atuavam como duplas dentro das squads.

Em uma visão generalista, são três as áreas de uma empresa que tomam a frente nesse processo, podendo ou não responder a stakeholders que tenham trazido a demanda: Design, Produtos e Engenharia. Porém, a construção de um produto digital é atravessada pelas mais diversas áreas de uma companhia, e esses papéis precisam ser levados em consideração durante a definição de fluxos de trabalho para que tudo ocorra de forma fluida. Essa visão precisa se adaptar a cada empresa e cada necessidade, mas é possível construir uma visão macro que permita personalizações, como a seguir.

Fluxo de trabalho

Essa matriz de papéis e responsabilidades descreve áreas e pessoas que precisam estar envolvidas em cada etapa de um processo de trabalho. Nessa versão ela apresenta uma visão macro a nível empresa, e deve sempre ser adaptada a cada contexto. Assim, a cada novo projeto o responsável saberá em que área da empresa deverá procurar os stakeholders a serem incluídos em cada etapa do trabalho. Veja um exemplo parcial de como faço sua aplicação:

Matriz R.A.C.I.

Simplificando a aplicação

Um bom processo precisa ser implementado para facilitar e ajudar, e essa intenção precisa ficar clara para quem vai aplica-lo. Do contrário, a chance de que ele seja rejeitado é muito grande.

Pensando no que as pessoas precisam para colocar processos em prática com agilidade e simplicidade, desenvolvi templates de trabalho que vem acompanhados de tutoriais e podem ser aplicados por pessoas com diferentes níveis de experiência e familiaridade com técnicas de concepção de produtos digitais.

Cada micro etapa descrita nos frames anteriores demanda técnicas específicas para seu cumprimento, e nem todo mundo está familiarizado com metodologias de concepção de soluções para produtos digitais. Mesmo quando conhecemos essas metodologias e já tivemos a oportunidade de aplica-las, é comum que haja variações na forma de fazê-lo. Para resolver essa questão é que desenvolvi templates que podem ser facilmente adaptados e replicados e padronizam a maneira de executar cada etapa do processo, além de gerar uma documentação unificada e completa para cada projeto.

Com esse template o trabalho se torna fluido, simples e previsível, aliviando o peso da estruturação de um projeto e ajudando a abrir tempo, espaço e foco para o que realmente importa: investigar, empatizar, dialogar, idealizar, solucionar.

Templates de trabalho

Conheça uma amostra do template do framework Testar e Aprender:

Esse template funciona como uma caixa de lego, em que cada matriz ou etapa pode ou não ser aplicada conforme a necessidade do projeto. Algumas matrizes levam mais tempo do que outras, ou são mais complexas. Por isso costumo sugerir mais de uma para necessidades semelhantes, e assim é possível escolher a que se adequa melhor a cada projeto. Por exemplo, para a etapa de Geração de Valor no framework Concepção de Produto, pode-se aplicar as matrizes “Canvas de Proposta de Valor”, “MoSCoW”, “Compre uma Funcionalidade”, “Impacto vs. Esforço”, ou até mesmo combinar mais de uma delas caso necessário.

Para apoiar aqueles estão aplicando uma metodologia com a qual tem pouca familiaridade, desenvolvi tutoriais detalhados que tornam tangíveis métodos que de cara podem parecer complicados. Aqui está um exemplo desses tutoriais:

Tutoriais

Canvas de Proposta de Valor

Benefícios do processo:

Visão unificada sobre 
o processo que engloba diversas áreas da empresa

Processo maleável 
e facilmente adaptável 
a diversas necessidades

Materiais de apoio para que pessoas com diferentes níveis de conhecimento possam aplicar as metodologias

Documentação unificada 
e completa que pode ser consumida por todos 
os envolvidos no projeto

Ideia clara sobre tempos, movimentos e status 
de projetos que facilitam 
seu acompanhamento


Ficha técnica



Nome do projeto

Design Estratégico

Aplicado em:

Participantes

Amanda Grigorio

Duração do projeto

Desde 2023 (perene)




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